quinta-feira, 23 de junho de 2011

Reinos africanos 1

 adaptado pela Profa. Margareth Cordeiro Franklin do texto do  Prof. Ricardo da Costa (Ufes)


VEJA O TEXTO NA ÍNTEGRA 


No extremo oeste da África setentrional, entre os atuais países de Mali e da Mauritânia, ao longo do rio Níger até mais a oeste, na escarpa do Tagant, com limite ao sul nos rios Senegal e Bakoy, desenvolveram-se as primeiras civilizações negras conhecidas: os Maqzara, o reino de Tekrur, e os famosos Impérios de Gana (Wagadu), ou o “Império do Ouro”, como ficou sendo chamado, e o de Songai (ou de Gao).

Graças a  rotas de comércio transaarianas estabelecidas pelos berberes islamizados é que se tem notícia escrita das civilizações negras ao sul do Saara.



Na trilha da famosa “rota saariana do ouro” havia o reino do Tekrur.
 Tipo de construção na área rural da atual Mauritânia
O Tekrur, segundo Al-Idrisi, era um reino com um soberano independente, que possuía tropas e muitos escravos. Com um comércio ativo, o reino de Tekrur importava lã, cobre e pérolas do Marrocos e exportava ouro e escravos para o norte berbere-muçulmano.Seu primeiro rei a converter-se ao Islamismo foi War Jabi Ndiaye. Com ele, todos os súditos também se converteram (Jabi Ndiaye morreu em 1040)

 A escravidão negra

O comércio de homens foi um fato geral e conhecido de todas as humanidades primitivas.
Muitos séculos antes da chegada dos brancos europeus à África, as tribos, reinos e impérios negros africanos praticavam largamente o escravismo, da mesma forma os berberes e demais etnias muçulmanas.

 Antigo forte muçulmano de escravos, na Tanzânia
O Islamismo contribuiu muito para estimular ainda mais a escravidão, pois praticou-a desde cedo: antes mesmo de Maomé, já no século VI, mercadores árabes freqüentavam todos os portos da costa oriental da África, trocando cereais, carnes e peixes secos com tribos bantus por escravos. As populações negras não-muçulmanas também consideravam a escravidão um fato absolutamente normal (como veremos, normalmente os reis africanos tinham centenas de escravos como soldados – e em suas guardas pessoais).
Mercado de escravos no Yêmen - manuscrito árabe (1236-1237)
O Império de Gana (c. 300-1075)

O reino de Gana é chamado assim por causa do título de seus soberanos. Era também chamado de Ugadu (país dos rebanhos). Nessa época, o clima era bastante úmido, o que favorecia a criação de gado e a agricultura.

Em 970 o viajante muçulmano Ibn Hawkal viajou de Bagdá até a margem do rio Níger, e não hesitou em dizer do imperador de Gana: “É o mais rico do mundo por causa do ouro”
A mesquita de Djenne era um dos principais centros de peregrinação islâmica nas regiões meridionais do Saara e a cidade um importante entreposto comercial entre a África do Norte e a África Sudanesa. Djenne fica localizada no centro-sul do Mali, próxima a um dos vales do rio Níger

Mali - do blog Viajando pelo Mundo  (muito legal!!)
Sabemos da existência desse rico império negro e escravocrata graças aos viajantes islâmicos e à presença muçulmana na região, com seu grupo letrado. O historiador al-Umari (1301-1349), nos informa que o povo era “alto, de compleição preta retinta e cabelos encrespados”.
Mali 
 Um dos informantes de al-Umari lhe disse que “o ouro é extraído cavando-se buracos na profundidade que chegam à altura de um homem e são encontrados embutidos nas laterais dos buracos, ou às vezes no fundo deles” (DAVIDSON, 1992: 148).
Mesquita - Mali
Os séculos IX e X viram o apogeu do império negro de Gana. No entanto, no século XI, com o avanço árabe almorávida ,   o Império entrou em decadência.

O Império de Mali (c. 1235-1500)

A queda do Império de Gana abriu um vácuo de poder. A grande questão era: quem tomaria agora o controle das rotas comerciais próximas das fontes auríferas?
. Mapa do Império de Mali (século XIV)
Não se conhecem as origens do reino de Mali (ou Mandinga). Diferentes etnias viviam naquela região. Paralelo a um processo de integração converteram-se ao Islamismo.
O Império de Mali com seus reinos “vassalos” (século XIV)
A partir de 1150 se conhece relativamente bem a cronologia dos reis de Mali.com estórias recheadas de lendas e mitos e transmitidas  pelos griot, os “transmissores de ouvido” de cada etnia que passam de geração para geração as tradições de sua cultura.
Musicos- Mali

Griot
Mali era um reino essencialmente agrícola. Os malinqués desenvolveram a cultura do algodão, do amendoim e da papaia, além da criação de gado.
Com Sundjata (ou Mari Djata, o “Leão do Mali”) e seus sucessores até Mansa Mussa (ou Kandu Mussa, 1312-1332), o reino de Mali passou a ser conhecido no mundo ocidental.
 Em 1324, Mansa Mussa realizou uma peregrinação a Meca, passando pelo Egito e com a intenção de maravilhar os soberanos árabes
Sua peregrinação fez o Império de Mali ser conhecido por todo o mundo, e os mapas europeus passaram a citá-lo.
Mansa Mussa segurando uma pepita de ouro.
. Mapa do Norte da África (manuscrito catalão de 1375)

Este mapa catalão do século XIV do Norte da África tem quatro reis, três africanos: o rei Mansa Musa de Mali (sentado, com uma gema de ouro na mão direita), o rei de Organa, o rei da Núbia e o rei da Babilônia.
Os dois números em vermelho marcam dois textos. São eles: “Toda esta parte tem gentes que ocultam a boca; só se vêem seus olhos. Vivem em tendas e têm caravanas de camelos. Também possuem animais de cujas peles fazem excelentes escudos”. 2. “Este senhor negro é aquele muito melhor senhor dos negros de Guiné. Este rei é o mais rico e o mais nobre senhor de toda esta parte, com abundância de ouro na sua terra” (tradução literal).

De regresso para Mali, o imperador trouxe consigo um poeta-arquiteto, Abu Issak, mais conhecido como Es Saheli. Com ele, construiu a grande mesquita de Djinger-ber, em Tumbuctu.

 A religião em Mali

Como todos os reinos negros islamizados desse período, a religião em Mali era um misto de várias influências, especialmente as pagãs.

No século XVI, tempo de Mahmud Kati, historiador e conselheiro do Askia Mohammed, o império tinha cerca de quatrocentas cidades e vilas. O sistema de governo era descentralizado. Era dividido em províncias, administradas por um dyamani tigui (ou farba). As províncias eram subdivididas em conselhos (kafo) e aldeias (dugu).

A autoridade da aldeia poderia ser bicéfala: um chefe político, outro religioso. O farba recolhia impostos e requisitava tropas, caso necessário. Havia ainda reinos subordinados que reconheciam a hegemonia do imperador, enviando regularmente presentes.
http://www.caminhandocomele.com.br
. Povos tão variados como os tuaregues, os songais, os malinqués e os peules, reconheceram, durante mais de cem anos, a soberania do imperador de Mali.

domingo, 19 de junho de 2011


Abdias: Brasil cala, mas mundo celebra legado

Abdias do Nascimento, o maior líder negro brasileiro no século XX, morto aos 97 anos, no último dia 23 de maio.


 Enquanto no Brasil a repercussão à morte do maior líder negro do século XX, Abdias do Nascimento, foi quase inexistente, jornais em todo o mundo registraram a importância do ex-senador da República e principal ativista da luta contra o racismo e pela igualdade. 
O papel e a importância do líder negro, praticamente ignorados nos grandes meios de comunicação e no telejornalismo das principais redes de TV do Brasil, foi ressaltado nos meios acadêmicos e nas mídias americana americana, européia e africana.
Leia Mais: http://www.afropress.com/diversidadesLer.asp?id=250
Na Semana da Cultura do CEFET MG, o NEAB Leopoldina promoveu a apresentação e o debate sobre filmes que retratam o negro no cinema brasileiro. Confira a programação

NEAB( NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS) 


 Na Semana de Cultura do CEFET MG
SEGUNDA - dia 13/06 - BESOURO -  Filme de João Daniel Tikhomiroff - mistura ação, drama e elementos de fantasia para recontar a vida e luta de uma lenda brasileira - o capoerista Manoel Henrique Porteira
TERÇA- dia 14/06 –AS FILHAS DO VENTO - Filme de Joelzito Araújo – história sensível sobre o amor entre irmãs, mães e filhas em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. A herança cruel da escravidão assombra relações familiares e obriga as mulheres a uma reflexão sobre suas vidas.
QUARTA - dia 15/06– UMA ONDA NO AR - Filme de Helvécio Ratton- conta a história de sonhos e lutas de quatro amigos que se unem para criar a Rádio Favela, de Belo Horizonte
QUINTA - dia 16/06 – CIDADE DE DEUS - Filme de Fernando Meirelles-  adaptado do livro de Paulo Lins.  Um retrato sem retoques da sociedade brasileira vista da periferia das grandes cidades.
SEXTA - dia 17/06 – QUILOMBO- Filme de Cacá Diegues - narra a luta dos escravos  em Pernambuco à época da ocupação holandesa e dos  grandes  líderes Ganga Zumba e   Zumbi, do Quilombo de Palmares.

LOCAL: AUDITÓRIO DO CEFET– 17 H.

Seminário do NEAB - CEFET Leopoldina

Foto: Carla Rodrigues
Alunos, professores e representantes da comunidade prestigiaram o primeiro Seminário do NEAB - CEFET Leopoldina no dia 26/05/2011. 

A palestra do Professor Luís Eduardo  sobre a Escravidão na Zona da Mata Mineira permitiu a reflexão sobre a condição das populações afro descendentes no Brasil de ontem e hoje

Fotos: Carla Rodrigues
Com a capoeira aprendemos a valorizar a cultura afro brasileira


Os professores Margareth Franklin, Diego Lucas, Luís Eduardo e Luciano de Andrade integram a equipe responsável pelo NEAB-CEFET Leopoldina

sábado, 4 de junho de 2011

LIBERDADE NOTICIADA
 
Em comemoração ao aniversário da abolição da escravidão, Arquivo Público do Estado de São Paulo digitaliza jornais da chamada imprensa negra do início do século XX
 
No dia 13 de maio o Brasil lembra o dia da Abolição da Escravatura (1888). Em comemoração à efeméride, o Arquivo Público do Estado de São Paulo vai disponibilizar em seu site a íntegra de 23 títulos de jornais e revistas da chamada “imprensa negra”, que circulavam pelo país no início do século XX.
Entre os periódicos estão os jornais “A voz da raça”, uma publicação do movimento Frente Negra Brasileira; “A liberdade” (1919-1920), “O Clarim” (1924) e "Getulino" (1916-1923). E entre as revistas está "Senzala" (1946) e “Quilombo”, criada em 1950 com intuito de articular e divulgar a “Convenção Nacional do Negro Brasileiro”.
Os exemplares ficarão disponíveis por meio do site do Arquivo Público (http://www.arquivoestado.sp.gov.br/jornais), que tem um projeto maior de digitalização de periódicos e imagens de seu acervo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Brasil perde Abdias


MORREU NO RIO DE JANEIRO ABDIAS DO NASCIMENTO, CRIADOR DO TEATRO EXPERIMENTAL DO NEGRO - TEN ,
MILITANTE DO MOVIMENTO PELA EMANCIPAÇÃO DO NEGRO NO BRASIL -
PERDA IRREPARÁVEL PARA NÓS, ARTISTAS NEGROS, E TODA SOCIEDADE BRASILEIRA.
Evandro Passos- Coreógrafo e dançarino - BH