segunda-feira, 6 de abril de 2015

Arte africana e arte moderna (Trabalhos de alunos/as)

Alunas: Izabela de Magalhães, Mariana Ferreira Valentin e Paula Serelle Macedo
História da Arte - LETRAS/ CEFET MG- 3º Período -
Arte moderna e arte africana: aproximações e distanciamentos
A influência que a arte africana exerceu sobre a arte moderna na Europa é um rico ponto de discussão e estudo. Desde sua tomada como arte exótica na época do Romantismo, até sua forte utilização como tendência no cenário artístico da década de 60, a arte negra cria reflexos nos mais diversos trabalhos artísticos.
Máscaras- África Subsaariana
O que se assume como arte africana nessa discussão são as obras vindas da região da África Subsaariana. Estátuas, máscaras e outros artefatos que chegaram na Europa no final do século XIX e início do XX instigaram vários artistas, com primeiros reflexos observados nos fauvistas, especialmente no trabalho de Henri Matisse.
A arte de outros artistas modernistas, como Picasso, Derain e Vlaminck também tiveram grandes influências africanas.  No Brasil, destacaram-se Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Portinari. A arte africana impressionava por se diferenciar da visão tradicional do mundo à qual os artistas estavam acostumados, mesmo quando retirada do seu contexto ritualístico original.
A expansão de museus etnográficos na Europa fez com que os artistas se interessassem cada vez mais pelos trabalhos de arte negra. Juntando-se ao já existente desejo de renovação no cenário artístico, a arte africana proporcionou novas formas e expressões diferentes dos já conhecidos e tradicionais modos gregos. A valorização do desenho acentuado, dos efeitos de forma, das qualidades de linha e superfície, entre outros, mostrou aos europeus que a arte africana não era interessante por ser exótica ou estranha, mas sim por seu processo de elaboração.
Matisse- A dança- 1910
Fortes reflexos vão ser então observados no começo do século XX, com as obras de Picasso e o movimento denominado Cubismo. Em seu “período negro”, o artista pintou quadros no quais utiliza a cor para modelar os volumes, através da repetição de traços lineares, como ocorre na arte africana. Essa nova estética buscava a desconstrução da realidade e a eliminação da harmonia clássica. Os artistas desse movimento basearam seus traços nas deformações e transfigurações das representações faciais das máscaras africanas. Essas máscaras não apresentavam rostos humanos de acordo com a harmonia da estética grega, mas sim transgressões dessa harmonia, utilizando o alongamento do rosto, a fusão de sobrancelha e nariz, o aumento de olhos e boca etc. As múltiplas possibilidades dos traços humanos representados nas máscaras africanas refletiam então a forma humana, passível de inúmeras perspectivas. 
Enquanto na sociedade ocidental a arte africana era utilizada como inspiração e um novo meio de expressão dos artistas, na sociedade africana, as máscaras e esculturas eram utilizadas em ocasiões cerimoniais. A arte africana em seu contexto original era mais atrelada à religião do que à arte em si, também servindo como meio de expressão da identidade de um povo específico. A arte africana é uma maneira de satisfazer as necessidades de toda uma comunidade, ela é utilitária. A importância da arte para o povo africano está em sua coletividade.
Máscaras Congo- Angola
Um exemplo de como a arte africana pode possuir diferentes julgamentos e ou significados dependendo do local em que está situada, encontra-se em como o artista ocidental e o africano veem a mesma escultura. No caso, uma escultura de boca aberta com seus dentes pontiagudos a mostra, para os ocidentais representa a ameaça, uma “fera”, enquanto para os africanos, mais especificamente para os chukue, representa um sinal de beleza.
Mesmo com a assimilação da arte africana pelos movimentos artísticos modernos, a visão que cada sociedade possui dessas artes (ou como a sociedade as interpreta), faz com que cada uma se torne única em seu contexto. Fica claro que a intenção dos artistas modernos não era, de forma alguma, imitar os africanos, mas sim se apropriar de suas características mais intrigantes, como a liberdade criativa e novos modos de expressão, e fazer com que uma nova proposta de estilo de arte fosse criada.
Picasso -1907
A arte africana trouxe inovações essenciais aos artistas do século XX, como novos critérios sobre o belo e o feio e novas possibilidades de se retratar o corpo humano. A nova arte rompeu com os preceitos tradicionais e se tornou uma arte representacional, mais emotiva, expressiva e crua, na qual não há necessidade de mimese com a realidade. Nos anos 1960, a alteridade africana será vista sobre uma nova ótica e uma sensibilidade ainda mais abrangente. A valorização das produções artísticas de povos antes considerados primitivos trouxe, então, não só novas tendências estéticas, mas também um novo olhar sobre a arte, um olhar mais coletivo, compartilhado e mais profundo.

Bibliografia:
Ajzenberg, E. Munanga, K. Arte moderna e o impulso criador da arte africana.
  http://www.usp.br/revistausp/82/13-elza.pdf
BARROS, José D’Assunção. As influências da arte africana na arte moderna.

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